Hoje fui ao muay thay. Acompanhado por um corpo de músicos, o espectáclo é precedido pela a distribuição de volantes com o nome dos lutadores do dia. O homem que promove os lutadores veste-se com um espaventoso trajo carnavalesco onde se destacam - nas costas, no rosto, na fronte - as cores do país. Vai gabando os méritos e qualidades dos guerreiros, pedindo aplausos e entusiasmando o público.
Permitem-me o acesso à tenda em que os lutadores aguardam o momento para se lançarem na arena. Olhar duro, uma força física tremenda, calejada de pontapés e murros desde a mais tenra idade, fazem destes homens - e mulheres, pois o desporto também é praticado por mulheres - máquinas de destruição. Assisti há meses a um combate entre lutadores europeus e uns franzinos miúdos thais. É claro que a corpulência dos europeus acabou por morder o pó da derrota inapelável ante tais profissionais.
O combate é precedido por uma bela dança propiciatória em que os lutadores exibem a compleição e ganham os favores do público e dos deuses. São artistas, pois Ay quer dizer arte. Na escola que frequentaram durante duras anos, foram-lhes dadas tantas horas de meditação e dança como de luta. A dança cerimonial (ram mooeh) prolonga-se por cinco minutos ao som de tambores e flautas. Os lutadores agarram o cabelo com uma corda nodosa a que chamam mongkon, o que quer dizer dragão, mas esse dragão não é mais que uma naja, serpente venerada desdo os tempos de Anghkhor. Cria-se a magia e o gong assinala o início do despique. Cinco rounds de três minutos cada ditam o resultado da luta. Hoje ganhou o boxeur que fotografara minutos antes na antecâmara do ringue. Dei-lhe chók dii, o que quer dizer boa-sorte. À saída, suado e esmurrado, sorriu-me e fez o cumprimento thai.
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