sábado, 8 de janeiro de 2011

Clara, a primeira siamesa diplomata


Chamava-se Clara Xavier, ou antes, menina de Phipat Kosa, filha de Celestino Maria Xavier, aliás Phraya Phipat Kosa, secretário de Estado sob Rama V, fundador e administrador da empresa que instalou os eléctricos em Banguecoque no início do século XX e, depois, embaixador do Sião em Roma e representante do reino do Elefante Branco na Sociedade das Nações. Clara partiu de Banguecoque para Londres, onde cursou enfermagem no South London Hospital for Women. Ao receber o diploma, foi requisitada pelo seu pai e foi secretária da legação siamesa em Genebra. Tantos feitos numa só rapariga vinda do outro canto do planeta. Siamesa católica, falando fluentemente português, esta nossa Clara foi modelo para o tímido movimento que no Sião reclamava a igualdade jurídica entre homens e mulheres. Há tanto por contar a respeito dos portugueses !

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Novíssimas do Sião: a siamesa da Évora quinhentista

Graças a uma conversa absolutamente fortuita com um amigo investigador, estamos a milímetros de destruir um lugar-comum que se trombeteava pelas holandas desde há séculos. Em 1608, um galeão holandês comandado por Corneluis Matelief trouxe à Europa uma embaixada siamesa enviada pelo rei Ekathotsarot. Recebidos por Maurício de Nassau, os diplomatas permaneceram na Haia rodeados por viva curiosidade. Muito se tem escrito sobre esses "primeiros siameses na Europa de Seiscentos" e há dois anos, em Banguecoque, foram esses fastos lembrados em exposições e conferências por altura das celebrações milionárias dos quatro séculos de relações entre a Tailândia e a Holanda.

Um pequeno senão. Os holandeses receberam siameses, sim senhor, mas quase trinta anos depois de uma rapariga thai ter saído dos porões de uma das naus da carreira da Índia para aqui passar o resto das sua vida como escrava "Índia de nação sioa" ao serviço de uma casa nobre. Foi baptizada, recebeu nome cristão e viveu em Évora. Mais uma pequena pedra para o sempre incompleto como fascinante edifício da história das relações entre os dois países.